Para início de conversa
Sobre oficinas de escrita e sacerdócios
Por: Márcio Ezequiel
Fonte: Diário Popular, 14 de abril de 2011
Tendência inconteste são as oficinas de escrita criativa em nosso panorama literário. Não chega a ser novidade, mesmo porque autor não vive de direitos autorais. Precisa ralar muito para bancar sua arte. Mas o que desejo destacar é a corrente de conhecimento em torno desses grupos de estudo.
Discípulos tornam-se pregadores do decálogo do perfeito escritor e a mensagem logo se espalha. É boa nova anunciada no deserto cultural em que vivemos. Nomes não faltam. Marcelino Freire ministra cursos por todo o país. E ele também teve seu mestre - o pernambucano Raimundo Carrero, que desde 1989 já orientou mais de mil aprendizes no ofício das letras.
Aqui no Sul a nova geração de autores traz em comum a passagem por oficinas. Cíntia Moskovich, Daniel Galera e Daniel Pellizzari estudaram a cartilha do Assis Brasil. A Moskovich, inclusive, já tem seus pupilos.
Tal fenômeno não é exclusividade tupiniquim. Na França chamam de écriture créative. Nos EUA, creative writing. Se por aqui é de iniciativa pessoal dos próprios autores, lá fora estão mais ligadas à academia. A Universidade de Iowa, por exemplo, mantém um programa para formação de escritores desde 1967. Pelo método utilizado, parte-se da produção textual do aluno para a teoria. Tanto o citado R. Carrero, quanto Charles Kiefer passaram por Iowa. Em 1987 Kiefer importou o método para a capital gaúcha, aprimorando talentos como os de Juarez Guedes Cruz e Monique Revillion, ambos reconhecidos com o Prêmio Açorianos. Em 2006 participei da oficina de contos do Kiefer, melhorando meu texto ficcional. Sobre a crônica, recebi orientação do Carpinejar, tornando minha escrita um pouco mais clara. Calibrando-a ao ritmo que o gênero exige.
Há quem critique as oficinas como produtoras de escritores em massa. Que a aptidão seria inata. Esta é uma visão ultrapassada, em que o iniciante espera pela inspiração das musas. Se escritores não surgem do nada, tampouco nascem prontos. Processo, aliás, que pode não caber numa vida.
As oficinas constituem espaços de discussão de textos e aplicação de técnicas que permitem a cada autor desenvolver sua própria narrativa. Alguém arriscaria propor que os conservatórios musicais massificam compositores? Que estudos de luz e sombra e perspectiva pasteurizam a produção de artistas plásticos? O professor não vai dizer qual caminho seguir, mas sugerir modos de caminhar sem se perder pelos bosques da ficção. Como em toda arte, ensaiar é fundamental.
Discípulos tornam-se pregadores do decálogo do perfeito escritor e a mensagem logo se espalha. É boa nova anunciada no deserto cultural em que vivemos. Nomes não faltam. Marcelino Freire ministra cursos por todo o país. E ele também teve seu mestre - o pernambucano Raimundo Carrero, que desde 1989 já orientou mais de mil aprendizes no ofício das letras.
Aqui no Sul a nova geração de autores traz em comum a passagem por oficinas. Cíntia Moskovich, Daniel Galera e Daniel Pellizzari estudaram a cartilha do Assis Brasil. A Moskovich, inclusive, já tem seus pupilos.
Tal fenômeno não é exclusividade tupiniquim. Na França chamam de écriture créative. Nos EUA, creative writing. Se por aqui é de iniciativa pessoal dos próprios autores, lá fora estão mais ligadas à academia. A Universidade de Iowa, por exemplo, mantém um programa para formação de escritores desde 1967. Pelo método utilizado, parte-se da produção textual do aluno para a teoria. Tanto o citado R. Carrero, quanto Charles Kiefer passaram por Iowa. Em 1987 Kiefer importou o método para a capital gaúcha, aprimorando talentos como os de Juarez Guedes Cruz e Monique Revillion, ambos reconhecidos com o Prêmio Açorianos. Em 2006 participei da oficina de contos do Kiefer, melhorando meu texto ficcional. Sobre a crônica, recebi orientação do Carpinejar, tornando minha escrita um pouco mais clara. Calibrando-a ao ritmo que o gênero exige.
Há quem critique as oficinas como produtoras de escritores em massa. Que a aptidão seria inata. Esta é uma visão ultrapassada, em que o iniciante espera pela inspiração das musas. Se escritores não surgem do nada, tampouco nascem prontos. Processo, aliás, que pode não caber numa vida.
As oficinas constituem espaços de discussão de textos e aplicação de técnicas que permitem a cada autor desenvolver sua própria narrativa. Alguém arriscaria propor que os conservatórios musicais massificam compositores? Que estudos de luz e sombra e perspectiva pasteurizam a produção de artistas plásticos? O professor não vai dizer qual caminho seguir, mas sugerir modos de caminhar sem se perder pelos bosques da ficção. Como em toda arte, ensaiar é fundamental.
Atendo agora também ao meu chamado sacerdotal. Formei novo grupo de escrita criativa em Pelotas, apesar das iniciativas tradicionais já existentes na cidade. Aos que estiverem dispostos a ajustar sua composição literária, batendo lata e desamassando clichês, informo que ainda há vagas.
Participe de nossos encontros!
Marcio, nunca imaginei, nem de longe, sendo a primeira seguidora de um blog, ainda mais sem ter sido convidada!! Espero não ter roubado a vez de algum convidado... Mas se roubei, foi sem querer ou planejar! Foi apenas uma coinscidência mesmo! Capricha aqui ta, estarei de olho...rsrs bjssss
ResponderExcluirMarcio, tem conhecimento de alguma oficina destas em Sampa? Eu nunca ouvi falar, mas gostei de saber atraves do seu informe, bj
ResponderExcluirSeja bem-vinda, Catia. De fato você foi bem rápida, pois o site ainda está em contrução e vou anunciá-lo amanhã à turma. Sinta-se convidada sempre. Tem muitas oficinas em São Paulo. O gaúcho Fabrício Carpinejar ministra seguidamente por aí. Faça, que vale a pena. Marcelino Freire também é outro que é fera. Abraço, Ezequiel!
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