quinta-feira, 2 de junho de 2011

NÃO VALE A PENA MORRER

Por: Liane Plá Giesel 
Meu avô que sempre foi muito econômico e organizado com os negócios, antes de morrer deixou estipulado o valor a ser gasto com seu caixão, bem como a funerária do seu gosto.
Apresentei-me à loja, em uma noite amena de novembro, acompanhada por outros familiares. De chegada fui dizendo que o valor da compra era desejo do falecido. Último desejo a gente respeita, né? Com isso também evitava o do agente funerário querendo empurrar um esquife de luxo.
Mas tivemos uma surpresa. A quantia estipulada pelo vô, desvalorizou no mercado funebre, correspondendo a um reles caixão constituído de um material que parecia um papelão.
Para resolver a pendenga foi necessário um investimento acima do previsto. Ainda teve os extras: sapatos, flores, anúncio no jornal e rádio, (quando morre o vivente merece alguma pompa). O terno, ele tinha reservado. E, apesar do corte um pouco fora de moda, caiu-lhe muito bem. Outra novidade para gastar foi uma tal mãozinha de bronze que segura um lenço preto de luto para a porta da residência. Diz que era costume antigo e que meu avô já havia utilizado quando morreu minha avó e a bisa.
O toque final foi dado com a maquiagem, incluída no pacote. Meu avô que era o típico alemão vermelho, após a maquiagem mais pareceu um carioca em pleno verão.
Tempos depois notei que só o valor do ataúde valia mais do que meu carro. Ok, ok , meu carrinho é velho, tem pra lá de vinte anos e não é Fusca. Mas tá inteiro e me carrega pra todo lugar. Já o tal caixão...
Para finalizar contabilizo:
Sapatos, terno, flores, velas, coveiros, a mãozinha lá da porta.
Total: Uma pequena fortuna.
Morrer nos sai caro.

Um comentário:

  1. Fico admirada com manifestações de vontade desse gênero. Não gosto de pensar na morte (rss). Mas que sai caro, sai. Sem contar o antes, quando a pessoa necessita de atendimento médico frequente.

    Bjs.

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